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Quem sou - ou Como soo?

Musicoterapia para reconhecer o outro e a mim mesma

Escutar o outro foi uma das principais motivações que me levaram a fazer Comunicação Social – Jornalismo. Anos depois, como professora do mesmo curso no qual me graduei, aconselhava os alunos a não terem pressa em ouvir – porque o acesso a si mesmo através das histórias vividas vai se dando aos pouquinhos, no embalo das sonoridades que cada lembrança traz à tona. Não raro, as pessoas a quem dedicava o meu ouvir para exercer a profissão tinham insights, ressignificavam passagens e podiam devolvê-las ao seu Baú de Momentos Marcantes dessa Vida com alguns sorrisos a mais, simplesmente porque tiveram a oportunidade de se escutarem.

Escolhi a troca acolhedora, em que entrevistador e entrevistado trazem, cada um, um tantinho de si, e voltam às suas vidas, depois desse compartilhar, modificados pelo o que o outro oferta – sejam risos e lágrimas, visões de mundo e sentidos, sejam fragmentos de memórias, gotas de (in)certezas ou medos travestidos de coragem.

Com o passar do tempo a palavra acolhimento foi se transformando em figura de um fundo que permanece sendo o ouvir. Tomei a música como companheira e ferramenta desse processo, e então a Musicoterapia brotou verde reluzente em minha vida. Escolhi ouvir, além das palavras, os ritmos e os suspiros, as melodias e as vozes entrecortadas, as dissonâncias e os sentires.

 

Em minhas sessões, o paciente vai percebendo que sons traduzem o que ele traz. A voz, o violão, o piano e o bongô, a moringa, a kalimba, as castanholas de bicho, o pau-de-chuva e a queixada (e tantos outros mais), na Musicoterapia, são instrumentos-sentimentos. E por esse caminho sonoro, o autodescobrimento se dá quando cada um se permite escutar seus próprios sons.

 

Nem é preciso saber música, ter feito aulas, ler partituras; querer ser e estar na música é o bastante para ouvir mais sobre si mesmo.

Sigo, então, ouvindo: as notas que cada paciente integra a si de maneira a sentir-se mais pleno, reconhecendo-se ou desconstruindo-se nos sons que ousa soar. Sigo ressoando: os ritmos, as alegrias, as harmonias e as dores, as (des)afinações, as celebrações e as conquistas dessa vida.

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Foto: Rafael Savi

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