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Foto do escritorCláudia Schaun Reis

Descubra os sons que existem em você

Atualizado: 27 de jan. de 2020

Musicoterapia é muito mais do que uma lista genérica de músicas é capaz de oferecer. Porque cada um vai rabiscando a própria lista desde a infância, com aqueles sons e as canções que aconchegam e empurram pra luta; que marcam destinos e talham pequenos-grandes momentos


Para a Musicoterapia, todos os sons que cada paciente traz são significativos e falam sobre suas histórias

Tenho recebido mensagens com um texto que fala dos benefícios da música para aliviar sintomas de diversas queixas: ansiedade, dor de cabeça, insônia… Pra cada um deles, uma lista com músicas “clássicas” que serviriam como terapia, remédio para sanar um por um dos incômodos citados. Tiro e queda, simples – é só ouvir, relaxar e passou….


Mas a Musicoterapia praticada por profissionais habilitados é bem mais ampla e complexa que uma lista de músicas que guardariam a cura para males que brotam na superfície…


Musicoterapia tem a ver com verdadeiramente enxergar e, principalmente, escutar o paciente. Escutar suas dores, ouvir as melodias que a criança escondida dentro do adulto ainda cantarola. E as canções com as quais já deixou de brincar, mas que ainda ressoam dentro dele.



Musicoterapia é validar a partir da música


Musicoterapia é validar a partir da música. Dar espaços para que o paciente traga seus sentires, e acolhê-los sejam do tamanho que tiverem e com o peso que soam. É sim fazer barulho, desafinar, perder o ritmo e o tempo, e também aquietar, sentir silêncios e embalar melodias da maneira mais delicada como nunca antes se ousou fazer.


É ressignificar o dia a dia porque se teve a coragem de soar diferente durante a sessão. É se dar a oportunidade de se ouvir e descobrir a variedade de sons guardados dentro de si.



Identidade Sonora


Por esse caminho, em que se entende que cada um desenvolve relações muito pessoais em sua maneira de ouvir, perceber, expressar e, principalmente, sentir a música, um dos pesquisadores mais reconhecidos na área, o musicoterapeuta argentino Rolando Benenzon, desenvolveu o conceito de ISO – Identidade Sonora, amplamente aplicado por seus colegas de profissão em todo o mundo. É a partir do ISO que o musicoterapeuta trabalha – buscando conhecer os sons e os sentidos que eles têm na vida de cada paciente. É um percurso em que se segue ao encontro do que o paciente traz, do mundo sonoro em que vive, que o envolve e que se constitui na trilha sonora da sua vida.


Então, quando se pensa em determinada música para ser utilizada em uma sessão, pode-se considerar a fórmula de compasso, se foi feita em tom maior ou menor, quais intervalos são apresentados e que mensagem a letra pretende passar, mas fundamental é perceber como essa música dialoga com o paciente. É uma música que serve de fundo para que momento vivido? Que sentires vêm à tona? Porque cada indivíduo pode guardar um sentimento distinto para uma mesma música. Talvez aquela canção considerada animada traga lembranças desagradáveis para um paciente. E tudo bem se essas lembranças emergirem. O musicoterapeuta estará ali para acolhê-lo e trabalharem juntos os sentimentos e seus significados. Em resumo: ter determinadas características não garante que uma composição surtirá este ou aquele efeito.



Cada um soa seus próprios sons


A Musicoterapia então não serve para aliviar o stress? Não relaxa, não nos deixa calminhos? Sim, a Musicoterapia pode ser aplicada com esses objetivos. As maneiras para atingi-los é que vão variar de pessoa para pessoa.


A Musicoterapia também pode ser utilizada para tirar a raiva do cantinho escuro do peito e auxiliar a descobrir sentimentos que nem se imaginava morarem dentro da gente, para estimular a socialização e o sentimento de pertencimento, e para potencializar as alegrias colecionadas vida afora.


E nunca é demais lembrar: para ser paciente de Musicoterapia não é necessário ter conhecimento musical, saber ler partituras, cantar ou tocar um instrumento; querer ser e estar na música é o suficiente para conseguir trazer seus sons, que serão acolhidos da maneira que soarem.


Musicoterapia é isso tudo e mais. Muito mais do que uma lista genérica de músicas é capaz de oferecer. Porque cada um vai rabiscando a própria lista desde a infância, com aqueles sons e as canções que aconchegam e empurram pra luta; que marcam destinos e talham pequenos-grandes momentos.


Cada lista de músicas é única, e guarda melodias e ritmos que trazem sensações de décadas para o agora. Cada um soa seus próprios sons, em tons maiores ou menores, forte ou pianíssimo, andantino ou prestissimo, assim como sente e soa a própria vida.


Texto: Cláudia Schaun Reis Edição: Liana Chiaradia – Guia da Alma


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